Acordei estranho. Limpando o ranho, no meio do banho, pensando num concurso. Talvez intercâmbio. Encontro um caderno antigo, mofado mas não menos importante e recheado de história. Bê conta sobre a irmã mais nova. Ayrtton gira em torno de pronomes ocultos femininos, já João reflete nos arredores da temporada final de Sense 8.
Lavei a louça, pendurei a roupa e vi tudo bagunçado. Nada deixa o homem mais doente do que o abandono dos parentes, ponderei. É engraçado. O que nos torna pequenos é não ver que a vida é feita de planos errados. O café que compartilhei com a minha silhueta veio amargo e requentado, e as lúgubres memórias que vieram precisavam ser escritas.
Num ano, fui tudo. Fui maloqueiro, estudioso, romântico, frio, solitário, popular e até preso. Isso me arrastou até a conclusão que o inexplicável é vendido no mercadão moderno; felicidade em falta, amizade em liquidação e a maior cotação é um abraço.
O fato de tudo estar parecendo promissor (apesar de melancólico) me impede de lacrimejar, percebo. Corto relações mais rápido do que corto cebolas ou bolas no vôlei. Eu deveria fazer algo, dar uma lida. Esqueçam esse garoto nas ruas da babilônia perdida.
Olho pro alto enquanto caio
atingido por um raio
num dia chuvoso
abro os olhos, ainda estou vivo
levanto e me reativo
encaro: o ciclo venenoso.