Aí está você.
Um sorriso belo. Dentes brancos.
Há algo diferente nos seus olhos.
Uma tristeza sutil; um ar diferente.
Eu me envergonho.
Chuto pedras. Me recolho.
Finjo que não vi.
Apresso o passo.
Passo reto.
Não quero que seus olhos encontrem os meus, pois sei exatamente o que você faria.
Iria sorrir para mim, levantar seu braço direito e agitar sua mão bem aberta no ar, me cumprimentando.
E aí abaixaria a mão e poria sua face em dúvida ao ver que eu não corresponderia à sua famosa saudação.
Não crio alarde.
Sigo o meu caminho (já distante do seu...).
Talvez você tenha movido seus olhos bonitos – desta vez mais tristes ainda – ao ver alguém parecido comigo.
Talvez você tenha desviado a atenção e dito:
— Ah, não... É que eu achei que era um amigo meu...
E eu respirei profundamente, enquanto negociava com meu coração para fazê-lo bater normalmente.
Entenda: vivemos em mundos diferentes.
(Mas me desculpe, de qualquer forma.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário