autor: Ayrtton Fonseca autor: Bárbara Tanaka autor: Giovana Anschau autor: João Basso

terça-feira, 3 de maio de 2016

Vê?

Não há nada tão pesado que eu possa escrever que pode deixar você, leitor, atordoado. Minhas palavras simplesmente não têm profundidade. São vazias. Não conseguem deixar marcas e cicatrizes na sua mente. Não passam dos seus olhos, na verdade. 
Não há profundidade em minhas palavras porque não há profundidade em mim. Sou oco. Toda a minha existência é um vazio. Eu, enquanto pessoa, sou só eu. E mesmo que deixe de ser eu, ainda assim serei eu.
Vê? Não há ponto algum em mim. E exatamente por não haver ponto em mim, posso ser facilmente descartado; assim como minhas palavras. 
Minhas palavras, assim como eu, precisam ver a luz do dia. Precisam de aceitação. Precisam de olhos que a vejam, para que então possam ser deixadas de lado. Dessa forma, mesmo que deixadas de lado, ao menos existiram.
Eu, ao menos, existi. E tive meus momentos (assim como elas...). 
Rapidamente serei deixado de lado (se já não fui) para que outro ocupe meu lugar.
Vê? Perceba a semelhança que tenho com minhas palavras. São tão sinceras mas tão desesperadas... Tão ingênuas e cheias de liberdade...
Mas perceba: elas têm um fim. 
Tem que haver um fim para tudo que existe no universo. 
E como as minhas próprias palavras, que jamais conseguirão se concluir de forma bonita, irei embora.

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