Não há nada tão pesado que eu possa escrever que pode deixar você, leitor, atordoado. Minhas palavras simplesmente não têm profundidade. São vazias. Não conseguem deixar marcas e cicatrizes na sua mente. Não passam dos seus olhos, na verdade.
Não há profundidade em minhas palavras porque não há profundidade em mim. Sou oco. Toda a minha existência é um vazio. Eu, enquanto pessoa, sou só eu. E mesmo que deixe de ser eu, ainda assim serei eu.
Vê? Não há ponto algum em mim. E exatamente por não haver ponto em mim, posso ser facilmente descartado; assim como minhas palavras.
Minhas palavras, assim como eu, precisam ver a luz do dia. Precisam de aceitação. Precisam de olhos que a vejam, para que então possam ser deixadas de lado. Dessa forma, mesmo que deixadas de lado, ao menos existiram.
Eu, ao menos, existi. E tive meus momentos (assim como elas...).
Rapidamente serei deixado de lado (se já não fui) para que outro ocupe meu lugar.
Vê? Perceba a semelhança que tenho com minhas palavras. São tão sinceras mas tão desesperadas... Tão ingênuas e cheias de liberdade...
Mas perceba: elas têm um fim.
Tem que haver um fim para tudo que existe no universo.
E como as minhas próprias palavras, que jamais conseguirão se concluir de forma bonita, irei embora.
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